Após afirmar que triplex é de Lula, executivo da OAS entrega documentos à justiça para comprovar o que falou em delação...
Por João Pedroso de Campos
Após dizer ao juiz federal Sergio Moro que o tríplex 164-A do
edifício Solaris, no Guarujá (SP), era do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, o ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro,
anexou nesta segunda-feira ao processo que apura o pagamento de propina de 3,7
milhões de reais ao petista, documentos que confirmariam o conteúdo de seu
depoimento.
Assim como Lula, Pinheiro também é réu nesta ação penal.
“O apartamento era do presidente Lula desde o dia que me
passaram para estudar os empreendimentos da Bancoop [cooperativa habitacional
dos bancários]. Já foi me dito que era do presidente Lula e de sua família. Que
eu não comercializasse”, afirmou o empreiteiro na oitiva, quando perguntado
pelo advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o petista, se ele “entendia”
que a OAS havia repassado a propriedade ao ex-presidente.
Para comprovar suas declarações, a defesa do empresário
incluiu nos autos, e-mails, documentos internos e análises sobre custos de
obras da OAS, além de 41 páginas de uma agenda pessoal com indicações de
encontros dele com Lula, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o
ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, e mensagens telefônicas de alguns
executivos da empreiteira, incluindo o próprio Léo Pinheiro.
Entre os documentos da empreiteira que serão analisados por
Moro, há indicações a “obras civis apto 164 – cobertura”, vinculadas aos custos
do Solaris, e “reforma Atibaia”, relacionada a uma tabela que trata do
condomínio residencial Absoluto Mooca, construído pela empreiteira no bairro da
Mooca, Zona Leste de São Paulo.
Conforme as investigações da Operação Lava Jato, além da obra
no tríplex, a OAS teria participado de um “consórcio informal” ao lado da
Odebrecht para reformar o sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que o
ex-presidente costumava frequentar e cujos donos são sócios de Fábio Luis Lula
da Silva, primogênito do petista.
Em seu depoimento a Moro, Pinheiro confirmou que as obras na
propriedade rural foram feitas a pedido de Lula.
Entre os documentos disponibilizados pela defesa de Léo
Pinheiro a Moro, não há valores relacionados às obras no tríplex ou no sítio.
Na agenda entregue por Léo Pinheiro à Justiça Federal ainda
há cinco citações a encontros com o ex-presidente Lula ao longo de 2014, a
maioria delas na sede do Instituto Lula, onde Pinheiro também se reuniu 19
vezes com Paulo Okamotto. Há registros de seis encontros entre o empreiteiro e
o ex-tesoureiro petista João Vaccari.
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