Fundador do PT que pediu impeachment de Dilma disse que ela prometeu ‘fazer o diabo para se eleger e está aí o resultado’...
O jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, entrou
nesta terça-feira (1º) com um pedido de impeachment na Câmara dos Deputados
contra a presidente Dilma Rousseff.
Em entrevista a EXPRESSO, ele disse: “Ela (Dilma) é
incapaz de governar. Por isso, não dá para esperar”.
Bicudo afirmou ter entrado com o pedido porque a classe política é
“inoperante”. Diz, ainda, que o Brasil vive momento único. “O clima é propício
para deflagrar a consciência brasileira para a questão política. O país passa
por uma crise moral”. Abaixo, os principais trechos da entrevista:
EXPRESSO – Por que o sr. decidiu apresentar o pedido de impeachment
somente hoje?
Bicudo – Porque
as autoridades políticas não se mexem e, aí, a gente tem de suprir a
inoperância, essa parte negativa da política brasileira.
EXPRESSO- Não quis esperar uma decisão do TSE, do TCU?
Bicudo – Meu
pedido não foi ao TSE nem ao TCU. Eu confio tanto no TCU quando eu confio na
falta de habilidade das instituições em geral.
EXPRESSO – Qual o principal argumento para não se esperar o fim do
mandato da presidente?
Bicudo – É a
incapacidade do governo da Dilma. Ela cometeu uma série de atuações que podem
ser consideras crimes eleitorais. Por isso, não dá para esperar. Eu tomei esta
atitude porque a política está enrolada, ninguém faz nada, então, resolvi jogar
em frente, para ver se sai alguma coisa.
EXPRESSO – O PSDB é vacilante na defesa do impeachment. E, como ele,
outros partidos. Não é porque seria ruim para o país a retirada da presidente
agora?
Bicudo – Esse é
o argumento de quem não quer atuar. É ruim por quê?
EXPRESSO – A economia…
Bicudo – Eu
respondo para você: então vamos deixar como está? Esse argumento é o daqueles
que não querem fazer nada e usam o discurso para disfarçar sua inoperância.
Dizem: “Não é o momento, não é a ocasião.” Sempre é a ocasião, sempre é o
momento.
EXPRESSO – Vivemos outros momentos em que presidentes foram pressionados
a deixar o poder ou até sofreram impeachment. Hoje, dá comparar o clima e a
crise política como os de 1992, por exemplo, ou 1954 ou 1964?
Bicudo – Cada
momento histórico tem suas especificidades. Hoje, vivemos um momento que é
propício para deflagrar a consciência brasileira para a questão política. Não
vejo mal algum em você utilizar os mecanismos democráticos para remover aqueles
que não estão governando o país, quando foram eleitos para administrar.
EXPRESSO – Mas aí sai o vice Michel Temer.
Bicudo – Quando
há crime eleitoral, sai a chapa. Tem de se apagar o que está aí e realizar uma
eleição nova.
EXPRESSO – Afirmam que isso é golpe.
Bicudo – Sempre
vai se dizer isso. Está escrito na Constituição. Não defendo que se faça nada
além ou aquém do que a Constituição estabelece. Afirmar que é golpe é a maneira
(que se tem) de não agir.
EXPRESSO – A tese de uma nova eleição é defendida pelo presidente do
PSDB, Aécio Neves, porque o favorece.
Bicudo – Sempre
vão dizer isso. Eleições não favorecem A, B ou C. Eleições favorecem quem está
disposto a lutar pela democracia, pelos interesses do país, acima dos
interesses partidários. O país vive uma crise moral, que abrange a crise
econômica, a crise política. Estamos precisando de uma sacudidela para ver se
aparecem novas lideranças, divorciadas do sistema atual.
EXPRESSO – Mas não tem um ano que passamos por uma eleição.
Bicudo – A Dilma
mesmo disse: “Vou fazer o diabo para ser eleita, farei o que for preciso”. Ela
fez. E está aí o resultado. Ninguém tem que fazer o diabo para se eleger. Tem
que mostrar o que é e o que pretende fazer. Isto, de fazer o diabo, já mostra
que não tem estrutura para disputar uma eleição.
EXPRESSO – O senhor deixou o PT há uma década, mas consegue ver ainda o
partido que ajudou a criar?
Bicudo – O
partido deixou de buscar os interesses da nação, para buscar os interesses
partidário ou pessoais. Por isso
deixei o partido. E é isso que vejo.
Fonte: blog de Thaisa Galvão
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