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Nunca entre numa briga que não pode vencer...

Assim como sempre que possível, é você quem deve escolher seus inimigos, também é você quem deve escolher as brigas em que vai entrar.
Quem escolhe a briga, escolhe o inimigo, o momento, o terreno, as armas, e ocupa a ofensiva. Tem, portanto, todas as vantagens que estas escolhas outorgam.
A prerrogativa de escolher o inimigo, não deve significar que você somente escolhe aqueles que  tem certeza que são mais fracos e mais fáceis de abater.
Escolher o inimigo e decidir a briga é uma decisão estratégica que deve atender a 3 requisitos:

1. Possibilidade de vencer
2. Relevância das razões da briga
3. Possuir as condições para bancar o “ônus” da vitória  

Possibilidade de vencer

Excluindo-se aqueles casos em que se deve brigar, porque o que está em jogo é muito valioso (a própria vida, por exemplo) e que configuram situações de lutas heroicas, sagradas, patrióticas, o princípio enunciado no título deve ser religiosamente observado: “Nunca entre numa briga que não pode vencer”.
Quanto mais provável a possibilidade de vencer, mais interessante politicamente à briga se torna para você. Inversamente, quanto menor a possibilidade de vitória, menos interessante ela é. Além disso, quanto mais parelha a luta, mais decisiva se torna a sua capacidade de escolher o momento, e tomar a iniciativa.
Sun Tzu, na Arte da Guerra distingue diferentes situações de guerra, a partir da relação de forças entre os contendores:
• Se suas forças estão na proporção de 10 para 1, em relação ao inimigo, faça-o se render;
• Se forem de 5 para 1, ataque-o;
• Se forem de 2 para 1, divida seu exército em dois para ataca-lo pela vanguarda e retaguarda;
• Se estiver em igualdade de condições, poderá enfrentá-lo;
• Se estiver ligeiramente inferior, poderá evitá-lo;
• Se estiver inferior em todos os aspectos, poderá fugir dele.
Embora esta classificação de situações tenha sido concebida para aplicação numa guerra, ela pode ser facilmente ser aplicada na política, desde que você corrija o conceito de forças, de sua referência militar para referências políticas.
Assim, se sua superioridade é de 10 para 1, significa que você possui uma enorme superioridade no conflito (seja em apoios, credibilidade, informações, documentação). Conforme a relação de forças tornar-se menos favorável (5/1; 2/1; 1/1) você pode fazer a adaptação para a política e aproveitar as sugestões de Sun Tzu.

Relevância das razões da briga

Não é qualquer briga que lhe interessa, considerando-se agora, as razões que a justificam. O político “brigão”, para o eleitor é um destruidor, negativista, perigoso. De outra parte, o político que não briga para defender algo de valor e relevância, aparece para o eleitor como inseguro, talvez culpado e até covarde.
Se você decidir entrar na briga faça-o por um motivo relevante e importante. Mas atenção, trata-se de política, portanto, importante e relevante também para o eleitor. Se for importante apenas para você não conte com o intreresse do eleitor. Ele não se interessa em comprar a briga de outros.
O eleitor aceita que você entre na briga por motivos pessoais, sempre que você for atacado na sua reputação, no seu caráter e moralidade. Neste caso, não entrar na briga equivale a assinar uma confissão de culpa.
Fora destas situações, a briga por razões pessoais é mal vista pelo eleitor, que não sanciona com sua aprovação a política do ódio, do revanchismo, ou a briga por vaidades ofendidas.

Possuir condições para bancar o ônus da vitória

Este princípio pode-se dizer,encontra sua clássica confirmação em Pirro, rei de Epirus, no século III AC. Pirro decidiu combater os romanos e os venceu, mas o custo da vitória foi tão elevado que ele teria comentado: “Mais uma vitória como esta e eu estarei perdido”.
O “princípio de Pirro” aplica-se à política sem dificuldade.
Há inúmeras vitórias políticas, cujo custo pessoal, político, econômico, administrativo e junto à opinião pública, revela-se tão oneroso, que melhor teria sido evitar a luta.
A vitória numa briga é sempre encarada como “lucro”. Quem venceu, supõe-se, acresce às suas forças as de outros, inclusive de parte dos que estavam com o derrotado. Isto pode acontecer, mas não é o mais comum.
Normalmente, quem vence gasta boa parte do seu capital de recursos materiais, simbólicos e de tempo, para lograr a vitória.
Não poucas vezes o beneficiário é um “tertius”, alguém que não tendo entrado na briga, aproveita a oportunidade para diferenciar-se dos dois contendores e, não sofrendo o desgaste do conflito, dele se beneficia.
Outras vezes, o ônus da vitória faz com que o político ganhe aquela batalha, mas acabe por perder a guerra. Outras ainda, ganha a briga, mas é forçado a gastar tantos recursos (materiais e simbólicos) que perde as condições de realizar o que prometeu para o caso de sua vitória. Outras também, como no caso de Pirro, ganha, mas perde as condições de enfrentar outras batalhas.

Quando lhe convier, pois, brigue, ganhe, mas assegure-se que o “preço da vitória” não seja proibitivo e não beneficie a terceiros. Mais ainda, assegure-se de que a vitória naquela batalha vai deixá-lo mais forte, com maior autoridade e maior confiança, para vencer outras batalhas.

Texto de Política para Políticos
(Francisco Ferraz)

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