A ingratidão tem sido um comportamento imperdoável do ser humano, porque o ingrato é um traidor em potencial. Não existe ingratidão sem traição. O ingrato sempre trai por ação ou omissão, porque é da sua essência a mediocridade.
Ser político, no sentido virtuoso do termo, é construir o bem sem receber as honrarias do benfeitor; é aceitar todas as adversidades como o resultado da soberania popular; é ter as melhores idéias e não vê-las triunfar; assistir às injustiças contra o povo e ter forças para combatê-las, é renunciar ao próprio interesse, para ver consagrados os interesses de todos; é ter espírito público capaz de não negociar os direitos do povo e coragem para denunciar as medidas injustas, que o poder arbitrário arma contra a sociedade.
Quanto mais inorgânica é a vida, como sempre foi o mundo e sempre será, mais fatos que associam ingratidão e traição ocorrem. Uma visão pelo país e a busca do poder mostram isso.
Há um aforismo em política que diz assim:
"a política adora a traição, mas odeia o traidor."
Como a arte faz parte da vida um verso do poeta Agustos dos Anjos - Versos intimos - retrata em sua genialidade, esses sentimentos que caminham lado a lado:
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
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